Mentira que a idade deixa as pessoas impacientes. A idade deixa as pessoas mais verdadeiras. Já plantou uma árvore (ou várias), já escreveu um livro (ou um conto, ou um pequeno texto sobre um assunto qualquer, tanto faz) , já teve um filho (ou mais)- as três coisas que se deve fazer antes de morrer. E aí sobra não aceitar mais as disputas silenciosas pelo insignificante, ou pelo simples fato de estar "por cima" de algo. Tenho me perguntado diariamente quanto tempo ainda vou aguentar as mães de primeira viagem que passam o dia contando as gracinhas que os filhinhos dela ( e de todo mundo, viu, gente? fazem. As pessoas que reclamam de tudo e de todos antes mesmo de começarem a fazer qualquer coisa. As pessoas que compram supérfluos incessantemente e precisam de ajuda para pagar as contas fundamentais da própria família. As que vivem na periferia em casas mal acabadas mas usam Lacoste, RayBan, Nike e IPhone 6. As mocinhas pobres que fingem admiração pela inteligência do coroa bem posicionado, se tornando verdadeiras stalkers, de olho em um futuro abastado. Os coroas bem posicionados e carentes, atormentados pela idade que chega, se pavoneando para as mocinhas pobres, de olho sabe-se bem no que. A falsidade nos ambientes de trabalho, academias, condomínios, famílias, igrejas. A ostentação de quem não tem onde cair morto. A necessidade de parecer superior em tudo quando por dentro sofrem de um terrível complexo de inferioridade que amarra a própria vida ao seu mundo de ilusão. A idade faz com que vejamos com mais clareza o que acontece à nossa volta. É daí que vem a vontade de soltar a língua. Ou de se isolar um mundo seu, por achar que não vale a pena perder mais tempo, curto agora, com essas coisas. Acho que estou me tornando o segundo tipo.
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